Ecologia interior (Adroaldo Paloro – extratos)

Deus é Pai/Mãe de Misericórdia e nunca vem complicar nossa vida com uma carga de preceitos, leis, tradições… O que Ele deseja é que vivamos intensamente; as leis e normas são só uma mediação para possibilitar mais vida. No momento em que elas bloqueiam o fluir da vida com o peso dos sentimentos de culpa, não devem ser cumpridas.

 A contaminação e a poluição do meio ambiente são realidades por demais conhecidas. Nas grandes cidades, o ar está cada vez mais irrespirável. Em algumas delas já se começou a regular o tráfego para diminuir o nível de poluentes, através da proibição de circulação de automóveis com determinados números de placa. Tal situação, juntamente com a mudança climática e a ecologia, é uma das preocupações dominantes das pessoas que vivem no mundo considerado “desenvolvido”.

Mas, junto à contaminação ambiental, que também afeta os povos em desenvolvimento, transformados em lixões dos países ricos, há outra contaminação mais profunda que temos esquecida.

Assim como está sendo proibida, cada vez mais, a circulação de veículos contaminantes, também se deveria impedir a saída às ruas de pessoas com mentes contaminadas, cheias de sentimentos poluídos, palavras ácidas, gestos agressivos, carregada de entulhos – mágoas, ira, inveja – que se acumulam no próprio coração.

O termo “ecologia” não se refere apenas a uma “ecologia exterior”, ou seja, aos ecossistemas em seu instável equilíbrio. Engloba também toda uma “ecologia interior”, própria do ser humano, ou seja, o “mundo” de sua psique, de seus afetos, de seus dinamismos, de sua espiritualidade, de suas relações básicas, quer consigo e com os outros, quer com o mundo e com Deus.

Para ordenar a fragmentação interna precisamos dialogar com as energias instintivas e que se tornaram energias “dia-bólicas” (que dividem). Cada uma delas representa os instintos, impulsos, paixões, fragilidades, sensualidade, sentimentos… que, quando não pacificados e integrados, criam uma desarmonia interior.

O convite a “ter um coração próximo a Deus” poderia traduzir-se deste modo: viver conscientes de nossa verdadeira identidade, em conexão com o que realmente somos – essa é a dimensão especificamente espiritual – o qual nos abrirá a uma vivência aberta e inclusiva, humilde e tolerante, prazerosa e compassiva…, a partir da sintonia radical com Aquele em quem nos desvelamos e nos reconhecemos.

Para meditar na oração:

– Como anda o meu equilíbrio ecobiológico? – Tenho dialogado com meus órgãos interiores? – Acariciado o meu coração? Respeito a delicadeza de meu estômago? – Acompanho mentalmente meu fluxo sanguíneo?

– Tenho consciência de onde nascem minhas palavras? – Tenho queimado a minha língua com as nódoas dos comentários maldosos da vida alheia?

(Contribuição de Ir.Ana Helena)