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10/MAR/2022: 111 ANOS DA CHEGADA DAS PRECURSORAS SCM NO BRASIL

O Cap Vert corta resoluto as águas do Atlântico e as três viajantes – Ir. Maria de Aquino Vieira Ribeiro (40 anos), Ir. Maria de Assis Gomes da Fonseca (46 anos) e Ir. Santa Fé Gomes Conde (40 anos) –, num misto de tristeza, saudade, expectativa e esperança, vão usufruindo dos últimos recantos de sua pátria querida. Ficam à distância Leixões, Lisboa, Cintra, Madeira, Cabo Verde… Portugal, enfim, e seus domínios! Depois, somente o céu e o mar, numa monótona paisagem por dezessete dias.

O balanço do navio deixa a Ir. Maria de Aquino, de saúde delicada, indisposta. A morte de um boi e de um bezerrinho, embarcados na terceira classe do navio, provoca consternação nos passageiros. A festa da passagem pela Linha do Equador, para a qual as três Religiosas foram convidadas e da qual somente as Irs. Maria de Assis e Santa Fé participaram, sentindo-se deslocadas, representou um momento de descontração.

Por fim, o término da viagem foi se aproximando e já em águas brasileiras passam por Fernando de Noronha, Recife e Salvador. Na manhã do dia 10 de março de 1911 avistam a Baía da Guanabara e se extasiam com a beleza incomparável que as acolhe e eleva a alma, como a dar-lhes as boas-vindas. Exatamente ao meio-dia, desembarcam na então capital federal, Rio de Janeiro, pisando em solo brasileiro, chão de missão:

Eis-me aqui, Senhor! Eis-me aqui, Senhor!

Pra fazer tua vontade, pra viver do teu amor, eis-me aqui, Senhor!

O Pe. Castanheira, um amigo, deveria estar a esperá-las. Confundiu o dia e não apareceu. Em vão procuram um rosto conhecido, uma saudação reconfortante: ninguém as aguardava. Era o exílio em toda a sua intensidade! – Que fazer, sozinhas, nesta cidade imensa e desconhecida? A Ir. Santa Fé lembra de um primo, o Dr. Maia Barreto, que residia na cidade. Sob um sol escaldante, cansadas e com fome, tentam encontrar sua residência. No caminho, entram numa igreja e revigoram os corações e os espíritos. Enfim, chegam à casa desejada, às três horas da tarde, sendo acolhidas com alegria e amabilidade pela família.

No dia seguinte, bem cedo e já revitalizadas, vão à missa na igreja de São Francisco Xavier, construída pelos jesuítas, em 1583, no Engenho Velho / Tijuca. Após o almoço, acompanhadas pelo Dr. Maia, vão à alfândega retirar os 18 volumes da bagagem. No caminho, apreciam a vista das montanhas e das várias ilhas que circundam a cidade, bem como os edifícios e as avenidas do centro. Visitam e admiram também a Igreja da Candelária, onde encontram o Pe. Castanheira, que as devia ter esperado no porto; ele lastimou profundamente o mal-entendido quanto ao horário da chegada e cercou-as de atenções.

À noite, após se despedirem dos benfeitores, as precursoras partem rumo a Mariana – MG, na segunda classe de um sacolejante trem. “Igreja em saída” que são, vão “ao coração do mundo”, disponíveis à vontade de Deus. É o dia 11 de março de 1911: tem início a missão das Religiosas do Sacré Coeur de Marie no Brasil!

Waldemar Bettio – colaborador membro do CAEP.

 

Consulta: 1) DUARTE, Alice Maria (atualização). Irmã Maria de Aquino – o desafio de um novo mundo. Belo Horizonte: Centro de Fontes RSCM, 2004.

2) DUARTE, Alice Maria. A história do IRSCM no Brasil de 1911 a 1926. Belo Horizonte: Fontes da Vida, s/d.