Mãe Aparecida e Santa Bakhita contra escravidão ontem e hoje.
Diante do flagelo da escravidão comum entre Brasil e África, a Santa Mãe Aparecida e a filha Santa Bakhita são vidas que apontam para o Deus que destrói as correntes e liberta das prisões. Deus se manifesta por meio da vida destas mulheres negras e santas.
Bakhita: o sequestro da menina negra e a escravidão.
A voz suave e eloquente da Mãe de Jesus perpassa a face da terra educando os continentes. O Brasil dos séculos escravocratas está entrelaçado com toda a África, a terra martirizada. Os dramas vividos pelos negros traficados no Brasil começam com a saída forçada da África.
Homens, mulheres e crianças africanas são flageladas e cobertas pelos espinhos, caem sob o peso da cruz, obrigadas a beber o fel da agonia como aconteceu com a menina Bakhita.
Bakhita era escrava e as escravas não são amadas, são apenas usadas e vilipendiadas. O coração de Bakhita se abre diante do relato sobre o Deus que a ama tanto ao ponto de dar o próprio Filho Jesus para salvá-la. E ser salva era tudo aquilo que Bakhita mais desejava. Bakhita queria ser resgatada e reencontrar os pais já idosos, os irmãos e toda a sua família.
Bakhita foi resgata por Deus que a inseriu noutra família composta pelos laços sagrados da Palavra. No Evangelho, Jesus afirma que todo aquele que ouve a Palavra e a coloca em prática é membro integrante da sua família. É tudo aquilo que Bakhita mais queria na vida. Sentir-se amada e acolhida, pertencer a uma família que é tão humana quanto divina.
O Batismo é esperado com alegria por Bakhita e também pela filha de Turina. No dia 09 de janeiro de 1890, Bakhita recebe o sacramento do Batismo, Eucaristia e Crisma.
Tudo muda e nenhum fato terá mais o mesmo sentido na vida de Bakhita, a filha de Deus. O Pai amoroso quer mais desta filha amada e querida e a presenteia com o dom da vocação religiosa. Bakhita é acolhida na Congregação fundada por Santa Madalena de Canossa, as Irmãs Canossianas que cuidaram da sua formação cristã partilhando os mistérios da fé. No dia 08 de dezembro de 1896, Bakhita professa os votos e consagra sua vida a Deus.
A irmã Bakhita esforçou-se noite e dia para que a sua vida fosse uma seta apontada para Deus. Bakhita escolhe Deus por Deus, para estar diante d’Ele, para contemplá-Lo na sua morte e ressurreição. Quando não estava ajudando alguma pessoa com algo, irmã Bakhita estava diante do sacrário, por horas no silêncio da oração e da comunhão com Deus.
Era deste modo que a irmã Bakhita desejava transcorrer sua vida de religiosa canossiana. A Congregação porém quer a presença da irmã Bakhita nas propagandas missionárias realizadas por toda Itália, de modo que Bakhita as seguiu por muitos anos sendo este sinal vivo de que para Deus nada é impossível. As pessoas que ouviam os relatos das irmãs canossianas sobre a vida da irmã Bakhita permaneciam impressionadas pelo fato desta menina negra, raptada, escravizada pelos patrões, ter se tornado uma religiosa.
A irmã Bakhita é de poucas palavras e remete ao Paron que no dialeto Veneto significa Pai, o Pai do Céu que deve ser amado e que a irmã Bakhita procurou agradá-Lo ao longo da vida, mesmo quando seguia as propagandas missionárias que lhe rendiam notoriedades refutadas quando ameaçavam a plena comunhão com Deus.
O desejo da irmã Bakhita de ver a face de Deus se realiza no dia 08 de fevereiro de 1947.
Colaboração da Ir. Rosinha, rscm