Os adolescentes atendidos pelo Projeto Vida participaram de uma atividade intergeracional, em parceria com o CRAS e com outros Serviços do território. A ação intitulada “Jornal Intergeracional” teve o objetivo de evidenciar referências na comunidade e dar voz aos participantes do serviço, para que pudessem expressar seus olhares sobre o bairro por meio da publicação de um jornal.
A metodologia, planejada e executada pela Equipe Técnica, contou com um experimento artístico para o levantamento das referências, rodas de conversa para a definição da temática a ser trabalhada, aplicação de um questionário discursivo para colher detalhes que integrariam a notícia.
A referência escolhida para ser noticiada foram os espaços de lazer da comunidade e que poderá ser lida na íntegra, a seguir, no texto abaixo.
Wellington Fernandes – Orientador de Atividades Socioassistenciais
Meu direito de brincar – Um olhar sobre os espaços de lazer de Jardim Carapina.
Antes de começar a falar sobre o nosso trabalho, é preciso que nos apresentemos: Somos crianças e adolescentes do Projeto Vida Padre Gailhac – Unidade socioassistencial localizada em Jardim Carapina, na Serra.
As informações contidas nesta matéria são fruto de um processo de pesquisa sobre a comunidade, especificamente sobre o que, durante os anos, tem se tornado referência para os moradores, nos mais variados assuntos. Essas referências foram mapeadas e discutidas em grupo, até que decidíssemos destacar uma delas.
Jardim Carapina é um bairro territorialmente grande e com um número populacional expressivo. Nós, crianças e adolescentes somos parte importante desta população, e esta matéria, além de mapear os espaços de lazer da comunidade, também busca chamar a atenção de todos para os desafios existentes para a garantia deste direito, previsto na Lei 8.069 de 1990, o Direito de Brincar.
Dentre os espaços de lazer da comunidade, apareceram, com maior frequência, o campinho do mangue, localizado às beiras da alça da rodovia do contorno que circunda o bairro, a Praça da Família, localizada ao lado da EMEF João Paulo II, e o campo Society, localizado nas proximidades do CRAS – CAI. Nestes espaços, muitos de nós se reúnem para brincar, trocar uma ideia com os colegas, fazer um lanche, ou simplesmente admirar a paisagem. Aliás, do campinho de areia próximo ao mangue, temos uma vista privilegiada do Mestre Álvaro. Mas, ocupar estes espaços nem sempre é fácil, pois temos alguns desafios.
Há primeiro a necessidade de um olhar para a nossa responsabilidade, enquanto cidadão, morador e moradora da comunidade, que precisamos estar mais atentos à nossa relação com os espaços do bairro. Será que não podemos fazer mais, no que diz respeito ao cuidado com o que é nosso? Será que esta relação de cuidado com o bairro não deve ser mais estimulada entre nós? Estas perguntas surgem do fato de que alguns destes espaços vivem abarrotados de lixos, fezes de animais, ou são danificados intencionalmente. Isso precisa mudar e, para contribuir nisso, já estamos pensando em ações de educação ambiental, que devem ser realizadas este ano.
No entanto, é preciso olhar também para as responsabilidades do Poder Público, no que diz respeito à manutenção e melhorias nestes espaços. É necessário ampliar as ações que busquem garantir a segurança durante o lazer no bairro, assim como melhorar a estrutura de iluminação, instalação de lixeiras, ações de acolhimento de animais abandonados, além do incentivo e promoção de programações culturais, esportivas, recreativas e de entretenimento.
Diversos outros espaços foram elencados nesta pesquisa: O CRAS – CAI, o Projeto Vida e as escolas também foram citados como espaços de lazer, assim como as ruas do bairro, a feira, outras praças, e até restaurantes. Esta é nossa comunidade amada; e nosso trabalho, nosso olhar cuidadoso e nossa participação cidadã podem ajudar a garantir uma infância e adolescência mais plenas e saudáveis para nós e para os que ainda virão. Contamos com vocês!