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Parte 1 – Aproximando do plantio, cuidando da vida: sistematização da memória e novas pistas de ação – subequipe do JPIC Laudato SI’

“A fidelidade nas pequenas graças atrai as grandes. O cuidado de praticar as pequenas virtudes dá energia para praticar as grandes.” (Gailhac, novembro 1883)

No início dos nossos trabalhos, como subequipe JPIC, para atingir a meta que nos foi apresentada, traçamos um itinerário a ser trilhado, como estratégia de ação e de envolvimento de um número maior de pessoas, que somam, de alguma maneira, à missão da Área Brasil do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria. Abraçamos o desafio de “buscar dinamizar, em parceria, caminhos de ação” a partir destes dois iluminadores:

  1. O cuidado da “Casa Comum”, o Planeta Terra, e a interconexão com toda a Criação;
  2. Praticar ações sustentáveis, tendo em vista o cuidado da “Nossa Casa Comum”, com especial ênfase no compromisso com a “Plataforma de Ação Laudato Si”, do Papa Francisco, integrando os seus Sete Objetivos na nossa vida, comunidades e ministérios.

A esses dois iluminadores citados, também está presente, em nossas mentes e corações, como um terceiro iluminador, a seguinte reflexão do Papa Francisco, que tem exortado todos os homens e as mulheres de boa vontade a assumirem a defesa da Casa Comum e de tudo o que nela se conecta e interconecta:

“Lembrou que o mundo não pode ser analisado concentrando-se apenas sobre um dos seus aspectos, porque «o livro da natureza é uno e indivisível», incluindo, entre outras coisas, o ambiente, a vida, a sexualidade, a família, as relações sociais. É que “a degradação da natureza está estreitamente ligada à cultura que molda a convivência humana”[1].  Continua Francisco na sua exortação: “se nos sentirmos intimamente unidos a tudo o que existe, então brotarão de modo espontâneo a sobriedade e a solicitude”[2]. Segue ele na reflexão “A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater este aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuam”.[3]

Com essas três provocações, “iluminadores”, temos seguido e construído a trilha, estabelecendo lindas parcerias e compondo, com a dádiva da partilha, este rico material, que agora compartilhamos com vocês. Para ajudar a entender melhor, convidamos todos os nossos leitores a terem em mente a ação de um grupo de artesãos que vão tecer um grande tapete com cenas da vida. Iniciamos pesquisando as cenas a serem registradas, o material a ser utilizado, demarcando, à luz da partilha, o que já faz parte da memória para ter o lugar de “alicerce” e o que devemos fazer para servir de inspiração e norte no fiar e no tecer da nossa tapeçaria das nossas ações no foco do cuidado com a Casa Comum.

Assim como está gratificante para nós três contemplar e fazer parte dessa ação de tecer, convidamos você a contemplar e a fazer parte desse processo todo.

[1] LS nº 06.

[2] Idem nº 11.

[3] Idem nº 23.

OBJETIVO 1

Deixando o objetivo 1 da Laudato Si’ iluminar o nosso dia a dia, foi possível constatar que já temos algumas experiências de sucesso espalhadas pela Área Brasil, em nossas Comunidades Religiosas, Projetos Socioassistenciais, Colégios e no Centro Administrativo. No mapeamento compartilhado, foi possível identificar algumas pegadas, que servem de inspiração e fonte de aprendizagem. Contemplemos os frutos da vida.

No documento do Capítulo de 2019, somos chamados a escutar e, no encontro com Jesus, ferido e ressuscitado, somos impelidos a proclamar a Boa Nova e, interconectados com toda a Criação, proclamar “a abundância de Vida para todos” (Declaração da Visão).

Os itens 5 e 6 – da Declaração do Capítulo da Área Brasil/2017: “Cuidar da nossa Casa Comum, num compromisso com a Justiça, Paz e Integridade da Criação”,  “Intensificar o trabalho na transformação de estruturas injustas, envolvendo outros na defesa dos direitos humanos em todos os níveis, abordando questões de desigualdades globais, migração e cuidado da Terra” (Cap. 2015).

O grito da terra e dos pobres não podem mais ser contidos

O Capítulo Geral de 2015 nos encoraja a estabelecer relações de fraternidade concretas no cuidado da Criação. A partir da rica partilha da Área do Brasil, vimos a nossa presença e os gestos que nos acompanham e como somos sensíveis às novas formas de pobreza, às situações ambientais, às complexas mudanças climáticas, ao desmatamento, às invasões de mineradoras que destroem a biodiversidade, e notamos, pelo nosso olhar, que, ao nosso redor, existe uma deterioração significativa da nossa Casa Comum.

Por que cuidar da Casa Comum? Aproximamo-nos do fim: tempestades, mudanças climáticas, os vírus… Esquecemos o que há por trás disso e que não aparece: a produção das armas para a guerra. E a Terra, que é mãe, cansou.

Na Criação, é dito Crescer para cuidar, Cuidar para crescer. Repensar, então, o modelo de consumismo e o modelo de participação. Nossas Relações Humanas no Micro e no Macro (relação consigo, com outros, com a Casa Comum e com Deus – Cosmovisão da VIDA).

  • Nossas respostas como Área Brasil percorrem o caminho da Laudato – números 111- 151:
    • Adesão às lutas pelos mais vulneráveis;
    • Meio Ambiente;
    • Políticas públicas;
    • Justiça social – questão indígena ao não marco temporal;
    • Comissões de Direitos: Ambiental, Mulher e Crianças;
    • Incentivo às questões socioambientais e Direitos Públicos: Segurança (ambiental, segurança Alimentar) e Sustentabilidade.
  • Planejamento para maior adesão aos pontos-CHAVES – luta pelos mais vulneráveis:
    • Meio Ambiente (Comissão de Direitos Ambientais);
    • Políticas Públicas;
    • Justiça Social;
    • Eleições Conscientes;
    • Formação para uma Espiritualidade Social e Ecológica;
    • Reconstruir a esperança para uma economia inclusiva.
  • Grupos de estudo: temas afins.
  • Planejamento para formação das questões emergentes: vida do planeta – Clamor do Pobre e Sustentabilidade.
  • Assessoria e ajuda de Moema e Rodrigo para as questões de conjuntura e Espiritualidade.
  • Vimos nossa presença e preocupação em nossas ações cuidando dos vários rios, nascentes, água, Capão, hortas comunitárias, questão hídrica. Por meio de várias disciplinas, foram sustentados a comunhão e estudos dos dramas atuais da Terra, como o aquecimento global afeta nosso planeta e nossa saúde e o clamor nessa pandemia da Covid.
  • O conceito fundante Criaturalidade também perpassou a grade curricular do Ensino religioso, orientou a linha do trabalho pedagógico e fez ver um caminho de uma espiritualidade ecológica.
  • Também tivemos alertas para a criação toda cuidada, mas também o cuidado com as nossas relações mútuas e o cuidado de nós mesmos. É nessa gratuidade, a sobriedade e a moderação com o uso dos bens da terra, cuidando da água, lixo, luz, coletas coletivas de sabão de restaurantes para a reciclagem de sabão e outros.
  • Toda a criação está interligada e, assim, podemos sentir os efeitos da degradação ambiental. A cultura de descarte demonstra nossa consciência e melhoria da qualidade de vida nossa e de nossos arredores e, assim, aparecem ações bem práticas no cuidado com o uso dos bens e do tempo, da água, da natureza e o não descarte do óleo: Higiene pessoal, uso da água, preservação dos espaços coletivos, maximizar o uso da luz natural, preferir energias renováveis, painéis fotovoltaicos e o controle de aparelhos de energias e o uso adequado do gás.
  • Vimos coisas bem práticas: diminuição de plásticos, PET e o reutilizar, reaproveitar e dispensar alguns materiais, papelão, sacos plásticos, evitando e substituindo materiais como garrafas, uso de Coca-Cola, refrigerantes (não uso de alimentos industrializados e os ligados ao agronegócio, pesticida e aqueles projetos de destruição do planeta) e realização de compras nos mercados dos bairros, fortalecendo pequenos comércios, pequenos produtores, ações ligadas que favorecem o sentimento de pertença. E cuidando de uma alimentação sem agrotóxicos, evitando venenos e fugindo do agronegócio dos transgênicos e alimentos geneticamente modificados.
  • Encontramos trabalho articulado com pescadores que foram atingidos pelo crime da Samarco com a lama atingindo populações ribeirinhas e a bacia do Rio Doce. Formação e fortalecimento de grupos na luta pelos Direitos para e contribuir para a criação de associação para geração de renda.
  • Encontramos muito presentes ações e o cuidado com gastos e reutilização de papéis e outros materiais. Encontramos inúmeras iniciativas que revelam o cuidado da Casa Comum e para a inclusão social (Plantios de árvores, Projeto Menor Aprendiz, dentre outros).
  • Encontramos relatos de experiências para dentro das escolas: prática dos 4 Rs da sustentabilidade: Repensar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar, assim como plantio de árvores e flores para ampliar a produção de oxigênio, embelezar espaços, ter mais qualidade de vida e aproximação com a Mãe Terra.
  • Trabalho comunitário contra a degradação ambiental grupo da lagoa… – Serra do Curral e irmã Rita na Bahia.
  • E a interdependência de todos e com todos nos leva a pensar e a repensar “um só mundo com um projeto comum”. Para essa opção, encontramos atitudes de acolhimento dos estudantes de baixa renda e possibilidades com recursos e materiais para se manterem na escola.
  • Reconhecimento de outros projetos sociais.

OBJETIVO 2

 

Deixando o objetivo 2 da Laudato Si’ iluminar o nosso dia a dia, foi possível constatar que já temos algumas experiências de sucesso espalhadas pela Área Brasil, em nossas Comunidades Religiosas, Projetos Socioassistenciais, Colégios e no Centro Administrativo. No mapeamento compartilhado, foi possível identificar algumas pegadas que servem de inspiração e fonte de aprendizagem. Contemplemos os frutos da vida.

  • Parceria com os Jesuítas, disponibilizando uma casa para acolhimento dos imigrantes.
  • Doações durante o ano para projetos parceiros, doações para situações emergenciais, donativo das comunidades encaminhado para os mais necessitados e atendimento às comunidades atingidas por calamidades das enchentes.
  • A partir da Missão Jovem, estabeleceu-se parceria com uma cooperativa de catadores de reciclagem.
  • Há gestos de revelação do reconhecimento da degradação dos ecossistemas e injustiças sociais nos seres humanos. A partir disso, nós nos unimos em solidariedade: Cáritas, enchentes, Haiti, população sem moradia.
  • Respostas ao clamor dos pobres no que se refere a mobilizações nos projetos contra fome e fortalecimento de redes e apoio às redes socioassistenciais no território e no município. Muitos colégios estimularam a aproximação de instituições e situações de invisibilidade, inclusive com comunidades terapêuticas.

OBJETIVO 3

Deixando o objetivo 3 da Laudato Si’ iluminar o nosso dia a dia, foi possível constatar que já temos algumas experiências de sucesso espalhadas pela Área Brasil, em nossas Comunidades Religiosas, Projetos Socioassistenciais, Colégios e no Centro Administrativo. No mapeamento compartilhado, foi possível identificar algumas pegadas que servem de inspiração e fonte de aprendizagem. Contemplemos os frutos da vida.

Na questão da ecologia e da sustentabilidade, vão se criando redes e oportunidades na articulação e formação para a horta comunitária medicinal e plantas frutíferas. Articulação com hortas urbanas para manter qualidade de vida e sustentação de famílias em feiras sem agrotóxicos.

Contribuição para as feiras agroecológicas, em parceria com órgãos afins e plantios de mudas frutíferas e palmeiras para trabalhar o artesanato.

Que riqueza encontrar um projeto que dispõe de uma horta que colabora na mesa das crianças; essa horta foi construída junto com educadores sociais, educandos e missão jovem.

Parceria com uma cooperativa de catadores de recicláveis (papel e papelão) e apoio a projetos afins (Asmare e outros).

Mobilização para atos que promovem a Vida, direitos e a Saúde da população, assim como consciência em defesa do SUS. Fortalecimento e engajamento de jovens da comunidade no protagonismo da arte, cultura, inclusão e inventivo no bairro da Lagoa – BH.

Subequipe do JPIC Laudato SI’