Nós, irmãs da Comunidade N. Senhora da Luz, de Linhares/ ES, no dia 27 de novembro, tivemos um Dia de Formação, Celebração, aprendendo a bordar a Vida pela ótica das mulheres atingidas.
O MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens, vem celebrando os 30 anos de várias maneiras. E uma delas é esse trabalho das Arpilleiras, que contam as histórias, as dores, as injustiças num coletivo. Contam e bordam o que a lama matou, e quantas vidas estão sofrendo até hoje.
Assim passamos o dia, contando, desvelando as dores do nosso Rio Doce que sofreu, sofre e sofrerá, fazendo muitos famintos e doentes. Relatos e dramas são desvelados e, bordando, damos lugar à ênfase de contar, de denunciar essa tragédia e de quem está a serviço do lucro.
E, bordando no coletivo, somamos forças num grande grito das Mulheres: Mulher, água e energia não são mercadoria.
Com muitas mãos, olhares, linhas e retalhos, as Mulheres do MAB vão tecendo uma outra realidade que é generosa e acolhedora, solidária e revolucionária, acreditando na vida e esperançando sempre.
Nessa luta, as mulheres estão vencendo o machismo, melhorando sua autoestima e descobrindo seus dons.
Foi, para nós, um dia de comunhão, partilha e troca de saberes. É um caminho que se faz pouco a pouco; e a solidariedade vai crescendo e entrelaçando, formando uma grande ciranda. Cirandando o Brasil e outros países, e sempre em movimento, com Esperança e Alegria. Assim, cada mulher… e o coletivo pode afirmar e visibilizar as estratégias de resistência tecidas pelos grupos de vários distritos, diante dos grandes projetos de desenvolvimento capitalista, e também exigir justiça para todos e todas, que foram atingidos pelo rompimento das barragens.
Ir. Ana Helena Andreão, rscm