Quando Deus criou o mundo viu que tudo era bom. E fez com amor, pensando em nós, de forma perfeita para vivermos em harmonia com a Natureza, o Cosmos… O conjunto de tudo é “muito bom”, deixando ao homem e à mulher a missão de zelar e cuidar da criação… as relações com Deus, com o próximo e com a terra. Que tenhamos tudo em dosagem o suficiente para o sustento, visando a agricultura familiar, onde não passariam necessidades, para o seu consumo e sobrevivência de outros. E hoje, como se encontra a criação de Deus em Mato Grosso?
Em nossa região – São Félix do Araguaia, moro em uma comunidade Inter congregacional: Irmã Fátima e Irmã Daniela – ambas franciscanas – e eu, Irmã Lucilene, do Sagrado Coração de Maria. Vivemos “num constante desafio, a famosa “Torre de Babel”: a maioria do povo não se entende; querem dominar, lucrar e ser donos das terras, fazendas de gados e agriculturas de soja e milho. As matas já não existem, o Estado é ocupado por migrantes do sul, que impõem sua cultura, na qual dominam por inteiro.
Desigualdade social é gritante: terras indígenas cada dia sendo devastadas por madeireiros; outras terras indígenas ocupadas por gado dos fazendeiros, em troca de uma irrisória quantia. Estrutura muito injusta; os povos tradicionais – ribeirinhos, quilombolas – ainda lutando por suas terras em processo para serem demarcadas. Neste sentido, cada povo com sua história, diferentes formas de pensar; uma identidade marcada por sangue derramado, muitos mártires, em defesa dos “sem voz”.
Até quando o povo ficará aí, nessa disputa de território! Uns poucos, com extensão enorme de terra, contra os que batalham por seu cantinho para sobreviver… conforme Deus quis ao formar o mundo.
A Igreja de São Félix é marcada pelo profetismo banhado por sangue de muitos mártires; vivemos em crise ecológica, precisa de mudança urgente; viver uma profunda conversão interior; mudar começando por pequenas ações no nosso cotidiano, assim possibilitando o Projeto de Amor e de Paz.
Irmã Lucilene, rscm