Energia Eólica: Experiência Vivida – Morro do Chapéu – Bahia
Energia limpa, SIM! Métodos sujos, Não!
A matriz energética Brasileira: Como, para que e a serviço de Quem?
Nos discursos oficiais relacionados às energias afirmando ser uma energia ambientalmente limpa, que gera emprego e lucro, mas por trás dessa politica, as empresas financiadoras omitem informações dos parques, expulsam populações, concentram terra, modificam paisagens, favorecendo uma lógica socioambiental injusta.
O setor elétrico brasileiro consiste num modelo econômico extrativista, em grande escala, especulativo e consumista, apresentam cenários que os grandes ganham ignorando as questões sociais, desigualdades e desrespeito a natureza dos humanos, animais e vegetação.
Ameaças aos bons ventos que pairam nas comunidades desta região do Morro do Chapéu\BA onde tive uma experiência desafiadora. Trabalhamos com 4 equipes de agentes sociais, CPT e nós 5 irmãs (Sagrado Coração de Maria e Catequistas Franciscanas)
Morro do Chapeu faz parte da Chapada de Diamantina no Semi-Árido da Bahia.
Nas principais áreas onde estão sendo implantados os parques eólicos são territórios ocupados historicamente, por povos e comunidades tradicionais, locais ricos em ecossistemas. Com a chegada destes empreendimentos a área é marcada por graves impactos ambientais e sociais.
Aumentou a grilagem de terra e a degradação da natureza ( são áreas de APP +Área de preservação Permanente). Afeta a vida da população local e as nascentes hidrográficas que sustentam a nossa população – rural e urbana. A destruição vai em desacordo com lei nº 12.631 que fala da proteção legal e funções ambientais.
Não se consulta as comunidades ou tentam manipular, legitimando os interesses privados das empresas, deturpando os interesses das comunidades. Deste modo, gerar energia limpa desta forma não é a solução para o povo brasileiro.
O nível de ruído é constante, cansativo para os moradores e afugenta as aves e animais. Ouvimos de várias pessoas que não se consegue dormir à noite, é como se tivesse um avião aterrissando e cães assustados latem a noite toda.
São muitas comunidades em povoados: Grota, Espinheiro, Taquaril, Dorme sujo, Beca, Cafarnaum, Vereda, Grilagem e Buracão. Além das comunidades visitadas fizemos trabalho nas escolas com educadores e educandos e sentimos grande interesse, preocupação com a situação: ambiental e moral.
Há entre outros problemas: os dejetos deixados a beira de cada torre, que com as chuvas do final do ano passado desceu e soterrou hortas, lavanderias e pequenas minas que traziam esperança de água para esta população.
Estudos mostram que as hélices giram o ar, misturando o ar frio e quente e interfere no equilíbrio natural. Além da poluição sonora e do ar, aumenta a população externa e a negação do direito de ir e de vir da comunidade. No debate com a juventude nas escolas, ouvimos que há muitos “filhos dos ventos”; isso significa que há muita gravidez precoce.
Há ainda o rebaixamento e salinização do lençol freático com o uso intensivo da água. . Cada torre exige 140 litros por hora de água para cada construção
Há morte de aves causando a migração e o desiquilíbrio da fauna e flora.
Os poços aí abertos estão baixando, há escassez da água nos lençóis.
Enfim a energia não é para o povo das comunidades, mas para as empresas.
Desafios são muitos pois, além das terras contaminadas, tiradas, os rios começam a diminuir e há muitas entidades envolvidas para salvar o Rio Paraguaçu que desemboca no Jacuípe, que já está diminuindo e trazendo muitas doenças. Estes rios são os que abastecem as comunidades rurais e urbanas na Bahia.
Com o trabalho em equipe com a CPT e irmãs da localidade, foram formados grupos de trabalho para intensificar os estudos e parcerias em defesa das terras e do Ambiente.
Colaboração de Ana Helena Andreão