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Páscoa de Dom André

DE: Ir. Ana Helena: 28/04/2021
Bom dia! Partilho conosco esta Notícia que segue…
Acho que é “um testemunho forte” para todas nós e merece uma página da nossa AREA BRASIL.

Faleceu Dom André de Witte, presidente da CPT e bispo emérito de Ruy Barbosa-Bahia

Páscoa De Dom André

PARTIU EXALANDO O PERFUME DE CRISTO E O CHEIRO DAS OVELHAS.
Pe. Erivaldo Gomes de Almeida

Dom André viveu todo o seu ministério episcopal unido a Deus e ao seu povo, exalando o perfume de Cristo e o cheiro das ovelhas. Relato de algumas de suas últimas experiências.

1. Guiado pelo Espírito Santo
Como barco em alto mar, Dom André deixou-se guiar pelo sopro Espírito Santo. E o Espírito lhe surpreendeu. Plantou em seu coração a semente missionária, mas seu plano inicial era ir para um país da América Latina de língua espanhola… Veio parar logo no Brasil, país de língua portuguesa, especificamente na Bahia, primeiro na diocese de Alagoinhas, depois e, definitivamente, em Ruy Barbosa, onde foi sepultado.

Mas não parou por aí: o Espírito lhe levou a viver a pobreza evangélica. De tão simples às vezes parecia desleixado… mas não era nada disso, Dom André era um fino, quem o conhecia de perto sabia que sua simplicidade era santidade, só atingida quem por quem se entrega incondicionalmente à vontade do Pai.

2. Bispo da opção preferencial pelos pobres
Como cristão se tornou um irmão de caminhada, capaz de passar horas e horas nas reuniões do povo de Deus, ouvindo atentamente as falas dos pequenos. Quem não se lembra de Dom André no auditório do CTL de Ruy Barbosa, sentado naquela mesma cadeira de sempre, com sua maleta ao lado, um bloco de papel e uma caneta fazendo suas anotações?

Como bispo se tornou pai dos pobres. Lutou até o fim para que todas as famílias tivessem seu pedacinho de terra, seu teto, sua cisterna e sua fonte de renda através da agricultura familiar. Dom André tinha lado, seu lado era o lado dos pobres.
Como profeta falou grandes verdades sem jamais precisar levantar a vós com ninguém.

3. Seus dois últimos dias
Tive a graça de acompanhá-lo em seus dois últimos dias de vida e aqui partilho uma experiência pessoal que tive com ele.

No sábado (24/04), na Santa Casa de Misericórdia de Ruy Barbosa, enquanto um batalhão de pessoas providenciava sua transferência para um hospital de maior complexidade, tive a graça de estar na enfermaria, ministrar o Sacramento da Unção dos Enfermos e dar a Eucaristia ao bispo que me ordenou padre.

Naquele momento estávamos só nós dois no quarto, mas tenho certeza que eu estava representando sua família, os seminaristas, bispos, religiosas, os padres e leigos da diocese, Dom Estevam que do lado de fora rapidamente providenciou os Santos Óleos, Bila e Pe. Antonio que preparavam sua mala com pertences pessoais… Mal sabíamos que estávamos preparando ungindo e alimentando nosso bom pastor para a grande passagem!

Quando ergui a Eucaristia, aquela feição cansada de um enfermo que lutava pela vida desapareceu. Seu rosto transfigurou-se, seus olhos focaram a Eucaristia e brilharam. Por um momento parecia não estar enfermo. E apresentou-me suas mãos e a fronte, que quase sem palavras e em meio às lágrimas, ungi.

E as lágrimas caíram de seus olhos, tentei consolá-lo fazendo carinho em seus cabelos e lhe disse: não se preocupe, amanhã será o domingo do bom pastor, vamos cuidar do senhor que durante todos estes anos cuidou de nós. O senhor é o nosso bom pastor. Eu vou cuidar do senhor como cuido de meu pai… ele olhou pra mim e disse: tá certo, meu filho!

Seguiu para Salvador, eu e Padre Fred o acompanhamos. O desejo de todos era que ele retornasse vivo e saudável para desfrutar de nossos cuidados naquela linda casa dos eméritos feita com a ajuda, principalmente dos pobres, e ofertada a ele.

Toda a diocese, familiares, admiradores e amigos se colocaram em orações e em prontidão para ajudar, foram muitas as ligações e mensagens. Cada um fez o que podia, prevaleceu a vontade de Deus que o chamou para o convívio dos santos.

Descanse em paz, Dom André!
Baixa Grande-BA – 27/04/2021