VER
O Brasil vive, em sua recente história, um dos momentos de maior tensão política e social. Além das graves denúncias de corrupção, que se espalham pelo país, a nação vive uma instabilidade institucional, ocasionada por uma grave crise política. Somadas ao sensacionalismo midiático, aos discursos de setores da burguesia e, ainda, uma direita política conservadora, o cenário é de uma exacerbação de raiva e ódio.
Somado a isso, sentimos na pele atentados aos direitos conquistados e ameaças a outras conquistas. Claro exemplo, é a chamada regulamentação do trabalho terceirizado, que macula escancaradamente os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. As juventudes, vitimadas por uma violência crescente, especialmente as juventudes negra e pobre, veem avançar a pauta de redução da maioridade penal, que impulsionada por oportunismos cegos, fere as garantias estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Não obstante, as políticas de ajuste fiscal atacam as camadas mais pobres. Os cortes orçamentários em políticas públicas essenciais mostram uma opção equivocada, que se alinha ao interesse do grande capital em detrimento da população. A corrupção, fruto de um sistema político falido, mostra raízes históricas podres que precisam ser combatidas. Infelizmente, a tão necessária reforma política foi negada pela maioria política.
O acirramento de disputa nas ruas e nas redes mostram um interesse, cada vez maior, pela política, mas também fragilizam o debate quando polariza uma discussão profunda e complexa.
A insustentabilidade política não consegue, de fato, gerir o cenário econômico que definha e atinge diretamente a juventude.
JULGAR
Nesse sentido, enquanto jovens de diversas realidades, com uma linda e rica diversidade, sonhamos com um outro mundo possível. Temos uma construção histórica, e também no presente, na defesa e animação das comunidades eclesiais de base, na nucleação de grupos de jovens, na construção de políticas públicas, na vivência cotidiana da espiritualidade que liberta e na efetivação de uma ação política assumida na radicalidade do Evangelho: Caridade e Justiça. Fazemos política sim, com caminhos e finalidade única: “Para que todos tenham vida; e tenha em abundância” (João 10,10).
Acreditamos na democracia e na participação popular, nos coletivos/movimentos, em nossas comunidades. Defendemos o projeto de vida de cada jovem, acompanhados de seus assessores e assessoras, que com carinho e discernimento, no trabalho e serviço à militância, estão nas diversas pastorais, nos partidos políticos e nos movimentos juvenis sendo a Novidade.
Repudiamos a condução diabólica da mídia, que corrompida pelo capital, informa e transmite de forma manipulada as notícias e realidades, estando a serviço da aristocracia brasileira e contra qualquer tipo de manifestação dos pequenos e marginalizados, contribuindo para sua criminalização.
Construímos, enquanto Pastoral da Juventude, um espaço privilegiado no processo de evangelização, possibilitando um engajamento político. Porém, somos Pastoral e nos posicionamos a favor da vida, pois temos a certeza de que precisamos ser profetas e profetizas, anunciadores/as da Boa Notícia aos pobres e excluídos, onde quer que estejamos.
Convocados pelo Papa Francisco, vamos adentrar na vida da juventude, ir ao encontro das pessoas mais empobrecidas, pois acreditamos que a nova forma de organizar e de lutar por um mundo melhor e possível perpassa o/a outro/a, os/as jovens pobres e excluídos/as. “Não esqueçais dos pobres”.
Provocamo-nos enquanto jovens a serviço da Pastoral da Juventude, em sintonia com toda a Igreja, que possamos atuar de forma consciente e crítica, através das vivências e possibilidades que os nossos grupos nos oferecem, apontando caminhos alternativos e ousados na edificação do Reino de Deus.
AGIR
Nós, Pastoral da Juventude, reafirmamos nossas bandeiras de luta neste momento histórico importante. Entendemos que elas só podem ser garantidas quando a justiça e a democracia forem preservadas. Reforçamos que somente com uma Reforma Política profunda e real é que se iniciará um verdadeiro momento político democrático no Brasil. Soma-se a essa demanda, a urgência em democratizar e regulamentar a Mídia.
Por isso, repudiamos toda ação midiática irresponsável, que não traduz a voz do povo, e acirra os ânimos de uma disputa política perigosa, inflamando o ódio e deturpando o sentido mais nobre dos preceitos democráticos.
Conclamamos toda Juventude a repudiar qualquer ato de violência e a respeitar o contraditório, sem se furtar ao direito de denunciar atos hostis e criminosos que possam ferir o direito à livre manifestação.
Defendemos a irrestrita investigação de todo e qualquer ato criminoso, desde que a espetacularização seletiva não corrompa os fins de esclarecimentos, necessários ao rito democrático de aplicação da lei.
Sobretudo, pedimos o fortalecimento da mobilização em defesa da democracia junto as camadas, setores, pastorais e movimentos sociais que tiveram fundamental importância no avanço e consolidação dos direitos sociais no Brasil. Pedimos em especial neste momento onde a democracia está ameaçada por claros interesses políticos, que não levam em conta o desejo de um Brasil Popular, mas se pautam numa ação orquestrada de classes hegemônicas que anseiam por ampliar o já grandioso poder para avançar em pautas que ferem conquistas históricas.
Queremos a garantia e a manutenção do Estado Democrático de Direito. Para defendê-lo, valemo-nos da esperança e do exercício do amor, que faz da luta uma mística a serviço da Vida, anunciada por Jesus de Nazaré, profeta e mártir.
Precisamos nos engajar de verdade para mudar o país, mudar a realidade do povo e não uma visão intimista, egoísta e golpista. A indignação nos move a mudar o que está em nossa volta, nos convida a romper com as estruturas. A mudar o mundo. Participar de espaços de discussão, espaços políticos de participação. Discutir em nossos grupos de jovens os limites e também as conquistas dos espaços que temos hoje na democracia. Sonhar possibilidades e exercer o nosso protagonismo juvenil, construindo as alternativas possíveis para a consolidação de um Brasil Popular, onde os pobres, e, principalmente, os excluídos tenham lugar para viver com respeito, dignidade e alegria.
Que país queremos? Que estrutura política queremos? Que sistema político econômico queremos? Que sociedade queremos? Sem essas respostas, estaremos alienados no nosso agir.
Seguimos em marcha, sempre em defesa da vida!
Secretaria Nacional, Coordenação Nacional, e
Comissão Nacional de Assessores/as da Pastoral da Juventude
Colaboração Ir. Delva de Oliveira, rscm