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Tempo sabático, tempo de vivenciar os nossos documentos:

“Para ajudar a desenvolver a consciência crítica cada província promove e encoraja tempos de inserção junto aos mais pobres e com grupos que trabalham pela justiça…” (Const.§ 36-37b)

“O espírito move-nos a escutar a partir das bases e a aprender com as vozes silenciadas a alargar o coração… com todos os que partilham da mesma visão e se comprometem com a nossa terra e o seu povo” doc. Capitulo Geral 2013.

Um tempo escolhido e desejado, entre 24 de junho a 15 de setembro/18.

Não há como ser livre sem terra; assim caminham 80 famílias no Município de Arataca –  sul da Bahia, no assentamento Terra Vista, onde a luta começou em 1985. O assentamento está com 92% de mata recuperada e todas as nascentes e nenhum analfabeto. Há aí 2 Centros de Educação; Centro Integrado Florestan Fernandes, que atende 220 alunos, e a Escola Milton Santos, que atendem no modelo escola-família alunos de assentamentos e de comunidades vizinhas. A Escola já formou mais de 100 engenheiros técnicos em: Zootecnia, Agroecologia, Informática e Meio Ambiente. O Viveiro produz 1000 mudas ao ano e, na sua maioria, plantas nativas, cacau, cupuaçu, açaí, palmitos e outras… Além da produção de cacau em grande escala já apresentado em Paris e na Rio+ 20, há incentivos para abelha e peixes.

Quero lembrar que esta área era toda ocupada e devastada pelos antigos Coronéis.

Para compreender é preciso viver lá uma boa temporada, mas o mais significativo são as atividades em mutirão pela terra, pelas plantas, pelo meio ambiente, pela cultura e pela produção das mulheres; o perfil da Educação, tudo isso como uma estratégia das famílias dos assentados mantendo hoje seus filhos na terra. Outro valor que me faz pensar é a superação da luta contra o capital e os latifúndios elevando a qualidade de vida dos moradores, da Educação e a obtenção de produtos em harmonia com a natureza.

Outra experiência foi o tempo em Salvador, no projeto Força Feminina, onde há atendimento de Mulheres em situação de vulnerabilidade. São mulheres que estão expostas na rua, nos bares, nos hotéis, com problemas de saúde e de visão de sua dignidade.

Assentamentos na Diocese de Rui Barbosa – Tive o apoio e acolhida de Dom André e as irmãs Catequistas Franciscanas, vivendo com elas, participando da missão, visitando inúmeros assentamentos, pois são mais de 103, 104 ou 105… assentamentos na diocese.

Vivi a fé, a luta pela água, pela terra pelo planeta. A travessia para a  maioria dos assentamentos é feita por balsa manual sobre o Rio Paraguaçu que infelizmente está morrendo. Fiquei no assentamento Beira Rio onde já são mais de 400 famílias, que havia no início (1985), e hoje mais de 600 famílias que vivem de hortas, pequenos lotes com mandioca, feijão, maracugina e criação de animais de pequeno porte como galinhas, porcos, cabras e ovelhas.

A Diocese e a CPT têm um trabalho muito importante junto aos assentados  por terra, água e ambiente. As irmãs Catequistas Franciscanas estão em 3 comunidades diferentes e são preparadas e confirmadas nestas frentes de trabalho. Agradeço a Deus, à minha Província, mas imensamente às irmãs que me acolheram e, em especial, a irmã Hélia que vive como mulher alegre, consagrada no assentamento do Beira Rio há muitos anos. Com ela vivi e visitei outros assentamentos, celebramos e participamos da assembleia das CEBs, da formação sobre a Terra e Água, sobre o desafio da energia eólica que devasta o solo e as famílias em vários povoados do Parque do Morro do Chapéu.

Agora é tempo de agradecer e viver a alegria de encontrar com este povo, com diversas lideranças e intensificar a proposta de Jesus Cristo vivida em Gailhac ” para que todos tenham VIDA”!

Ir. Ana Helena