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História e Reflexão JPIC para o mês de abril (PEN)

INTRODUÇÃO – ACOLHER O ESTRANGEIRO

O apelo a acolher o estrangeiro remonta ao tempo do Antigo Testamento e há dele muitas referências, tais como: Deuteronómio, 10, 19 e Levítico, 19-34 – Quando, na vossa terra, viver convosco um estrangeiro, não o tratem mal. O estrangeiro que vive convosco deve ser tratado como um de vós. Amem-no como a vós mesmos, pois já foram estrangeiros no Egipto. No Novo Testamento lemos que o nosso julgamento final será baseado na nossa resposta aos pequenos desafios práticos da vida diária. Em Mateus, 25, 35-36 lemos: “Tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, estive doente e cuidastes de mim, estive preso e visitastes-me”.

foto1Uma mulher traficada encontra ajuda e um lar com o auxílio de Ruhama (Ruhama é uma ONG com sede em Dublin, que trabalha com as mulheres afetadas pela prostituição e pelo tráfico.)         Por Sr. Ellen O’Leary, Animadora JPIC da PEN, que trabalha no realojamento de pessoas em Ruhama.

Chamo-me Iris e nasci em África. Quando era ainda muito jovem perdi os meus pais e passei a viver com familiares, até ao dia em que o meu tio me disse que fosse com uma mulher que me iria arranjar trabalho. Acontece que ele me tinha vendido e aquela mulher trouce-me para a Europa a fim de ser vendida a homens para sexo.

Eu tinha 15 anos, quando isto aconteceu. Depois de três anos de mudanças em

diferentes países, fui trazida para a Irlanda e aqui conservada. Um dos homens que me comprou engravidou-me e eu fiquei em pânico ao pensar que os meus patrões

iriam descobrir. Um dia quando, como seria normal, eu deveria estar a dirigir-me para as lojas, continuei a caminhar e entrei num autocarro, sem sequer saber onde iria ter.

Foi pura coincidência e sorte, pois sentei-me ao lado de uma mulher que era enfermeira e percebeu que eu estava muito fraca. Ela conversou comigo, contei-lhefoto2

um pouco sobre a minha situação e ela ajudou-me, indicando-me um médico e encaminhou-me para Ruhama.  Fui à polícia com Ruhama e aí encontraram lugar para mim numa residencial para pessoas que procuram um Refúgio. Embora os funcionários em Ruhama e na residencial fossem simpáticos comigo, este tempo foi para mim muito difícil. Eu temia que os meus traficantes me encontrassem. Estava grávida e doente e não conseguia comer a alimentação que ali me davam. O local estava superlotado e não havia privacidade. Eu sentia-me completamente perdida.

Após dois longos anos chegou um dia extraordinário em que me foi concedida “autorização de permanência”- um “selo 4” – o que significava que eu podia sair da residencial e procurar uma casa para mim e para a minha filha. Fiquei muito contente, mas rapidamente isto tornou-se também um verdadeiro desafio para mim. Eu tinha estado a receber aulas de Inglês e alfabetização com Ruhama, com sucesso, mas havia tantos formulários com letras e números diferentes SWA1, CB1, SWA3… e tantas outras coisas a fazer para conseguir um apartamento.

Tinha passado dois anos sem qualquer controlo sobre o que a maior parte dos adultos aceita com normalidade: contas, compra dos alimentos, toda a gestão da casa! Tudo me parecia opressivo. Fui apresentada à pessoa encarregada dos realojamentos em Ruhama que me acompanhou em todos os passos que tive de percorrer; foi ela que me animou a começar a poupar alguns euros por semana e a pensar em algumas coisas como, onde gostaria de viver, talvez perto do acesso aos autocarros que costumo usar para ir para a aulas e também de escolas para a minha filha, quando chegar a altura; orientou-me no preenchimento dos diferentes formulários e documentos tornando o assunto menos assustador para mim e abri uma conta no banco, tendo conseguido preencher e entregar todos os impressos.

foto3Quando chegou a altura, também me apoiou visitando comigo vários locais e aconselhando-me sobre os critérios de escolha dos mais adequados e das perguntas a fazer aos senhorios. O dia em que recebi as chaves foi um dos melhores da minha vida. Entrei, fechei a porta, era o meu espaço, e foi a primeira vez, que eu me lembre, que eu tive um espaço a que pude chamar casa. Ruhama ajudou-me a comprar coisas práticas, tais como lençóis e pratos para que eu pudesse conservar as minhas poucas poupanças até às primeiras contas e ter a certeza que o meu orçamento começara bem. Sinto-me tão orgulhosa de mim própria. Isto deu-me ainda mais força para continuar os meus estudos e espero encontrar um trabalho muito brevemente e continuar a construir uma vida mais segura para mim e para a minha filha, aqui, integrando a comunidade Irlandesa.

Para mais informação consultar www.ruhama.ie

Questões para reflexão

Quais são os desafios que a leitura desta história lhe lança?

O que poderia fazer para responder ao desafio?