Parte 2 – Aproximando do plantio, cuidando da vida: sistematização da memória e novas pistas de ação – subequipe JPIC

OBJETIVO 4

 

 

Deixando o objetivo 4 da Laudato Si’ iluminar o nosso dia a dia, foi possível constatar que já temos algumas experiências de sucesso espalhadas pela Área Brasil, em nossas Comunidades Religiosas, Projetos Socioassistenciais, Colégios e no Centro Administrativo. No mapeamento compartilhado, foi possível identificar algumas pegadas que servem de inspiração e fonte de aprendizagem. Contemplemos os frutos da vida.

 O que já fazemos enquanto Área Brasil[1]

Já é possível constatar postura de alerta entre irmãs, colaboradores e estudantes quanto ao consumo consciente de água e de energia elétrica em nossos espaços. Ações como apagar as luzes quando os espaços não estão sendo utilizados têm se tornado uma prática, que é reforçada com Campanhas educativas que vêm sendo desenvolvidas nessa perspectiva e devem permanecer como ponto de alerta sempre. Já percebemos também o despertar para a reutilização da água.

Outra prática que vai no caminho do estilo de vida sustentável são as iniciativas de buscar formar uma cultura da coleta seletiva em nossos espaços, instituindo, de uma certa maneira, mesmo que em pequena escala, separação dos materiais recicláveis, incentivo para a reutilização dos papéis para algumas atividades. O redirecionamento dos resíduos recicláveis para os catadores da comunidade, assim como o descarte correto do lixo orgânico e o desenvolvimento de projetos de aprendizagem, incentivando a criação de composteiras. Outra ação que constatamos é o desenvolvimento de campanhas com o intuito de mobilizar a comunidade geral, e mesmo educativa, para arrecadação de óleo de cozinha usado, destinado para a produção de sabão. “Projeto Fábrica de Sabão”, assim como o projeto “papa pilha”, que, como os demais, ensina o descarte correto dos materiais que podem poluir o meio ambiente.

Também  foi  possível constatar iniciativas direcionadas para a retirada dos descartáveis dos nossos espaços de trabalho e convivências, por meio de ações de incentivo para a utilização de copos e garrafinhas “tipo squeeze”, o que tem contribuído, por exemplo, para a sensível diminuição dos copos plásticos descartáveis, chegando, em algumas realidades, à retirada total  dos mesmos, reforçando, ainda, a mentalidade do “reciclo”, prática dos 4 “Rs” da sustentabilidade: Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar, como um processo educativo entre todos.

No compartilhamento, também foi possível perceber que a “adoção de estilo de vida sustentável” vai muito além do mero descarte dos resíduos e do consumo consciente. Ele se fortalece e se faz presente no cuidado e no zelo para não ter desperdício e na escolha pelo consumo de alimentos sem agrotóxicos, no cuidado com a limpeza e a manutenção dos espaços, pátios, quintais, jardins, nascentes de rios do nosso entorno, na implementação de novas campanhas e projetos como a “Pata na tampa”,  que recolhe as tampas plásticas e transforma em recursos a serem utilizados no cuidado dos animais abandonados e no estabelecimento de parcerias com outras instituições e setores da  sociedade,  o que fortalece a cultura do consumo sustentável, cuidado com a saúde e com a Casa Comum.

O que sugerem os colaboradores da Área Brasil[2]

Como nos diz o nosso fundador, Pe. Gailhac, “não podemos estacionar onde a graça de Deus nos conduz”. Ela nos trouxe até aqui e, daqui, nos impulsiona a desbravar e a trilhar novos caminhos. E essas serão desenvolvidas e implementadas de maneira coletiva e no chão da nossa realidade de Área Brasil. O que se segue são sugestões para o aprimoramento, a internalização e a apropriação por todos nós do “estilo de vida sustentável” e do cuidado ecológico.

Dentre as diversas sugestões compartilhadas, algumas se inserem dentro da ideia de conscientização do uso que já se faz dos recursos:

Consumo consciente, evitando o desperdício:

  • Diminuição do uso da água e da luz, cuidado com o gasto de água e energia, estando atentos ao volume de água que gastamos no banho, na lavagem de roupas, louça e dos pátios; reutilizar a água (das máquinas de lavar) e de outros recursos;
  • Não jogar comida fora, cuidando para não deixar as coisas estragarem na geladeira;
  • Ter atenção ao volume de papéis que utilizamos sem aproveitar, evitando tirar cópias desnecessárias. Uso consciente dos materiais de escritório e de impressões, buscando os recursos existentes ao máximo;
  • Cuidado para não deixar luzes acesas sem necessidade. Adotar a postura do uso consciente do ar-condicionado;
  • Incentivar as pessoas para a não utilização de copos descartáveis no dia a dia.

Descarte consciente dos resíduos:

  • Separação do lixo para reciclagem;
  • Separação do lixo seco do molhado;
  • Atenção com o que se joga no lixo, procurando separar o que é reciclável, para colocar no lugar próprio;
  • Coleta do lixo eletrônico, reciclável e incentivo ao descarte consciente com a instalação de containers apropriados para esse fim;
  • Implementação das escolas Lixo Zero;
  • Coleta e utilização do óleo usado para fazer sabão e detergente para usufruto pessoal, dos pobres e de instituições beneficentes.

Formação para os membros da Área Brasil (Religiosas e colaboradores):

  • Aprofundamento sobre os objetivos da Laudato Si’;
  • Conscientização e fortalecimento da abordagem de temáticas que visem à promoção da vida e ao respeito para com a criação, bem como o desenvolvimento da consciência política e do protagonismo dos estudantes;
  • Prática dos 4 “Rs” da sustentabilidade: Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Repensar o modo de agir e consumir;
  • Continuar projetos, como os Fóruns sociais e as experiências dos alunos em áreas carentes;
  • Conscientização dos membros da família e da comunidade a respeito de questões relacionadas ao cuidado para com a Casa Comum e para com as relações interpessoais.

Outras iniciativas:

  • Doação de roupas e outros utensílios para as pessoas que estão precisando;
  • Socialização dos recursos e dos espaços, etc., como creio que já ocorra, mas sempre buscando novos horizontes, novas utopias a serem abraçadas;
  • Estimular para o uso da Energia Sustentável, criação de um projeto para sondar a viabilidade de instalação de placas fotovoltaicas para a diminuição do consumo de energia elétrica no Centro Provincial, nos colégios, nos projetos e nas comunidades Religiosas;
  • Buscar parcerias financeiras para a aquisição e a instalação de sistema de energia solar;
  • Em todos os espaços, incentivar a adoção de caixas d’água para a coleta da água de chuva;
  • Apoio e estímulo às hortas comunitárias, bancos de alimentos (escolas municipais) e muitos mantidos pela produção do MST e MPA;
  • Assinar as petições ligadas ao assunto;
  • Apoiar economias circulares/priorizar o comércio de pequenos produtores na aquisição de alimentos;
  • Adquirir produtos das cooperativas, associações e de outros coletivos populares.

Cuidado e proteção da vida e da dignidade das pessoas:

  • Sendo humano e humanizador no falar e no agir junto às irmãs e aos colaboradores;

Apurar o “olhar para o outro”, buscando tecer relacionamentos empáticos e solidários.

[1] Compilação da pesquisa realizada.

[2] Compilação da pesquisa realizada.

 

OBJETIVO 5

Deixando o objetivo 5 da Laudato Si’ iluminar o nosso dia a dia, foi possível constatar que já temos algumas experiências de sucesso espalhadas pela Área Brasil, em nossas Comunidades Religiosas, Projetos Socioassistenciais, Colégios e no Centro Administrativo. No mapeamento compartilhado, foi possível identificar algumas pegadas que servem de inspiração e fonte de aprendizagem. Contemplemos os frutos da vida.

O que já fazemos enquanto Área Brasil[3]

O trabalho construído comunitariamente nas unidades da Rede Sagrado pelos agentes educativos, professores e colaboradores, faz-se alinhado com o cuidado requerido pela Ecologia Integral. Diversos exemplos traduzem a educação ecológica no espaço da sala de aula: são feitas rodas de conversa com os estudantes (crianças, adolescentes, jovens) abordando o tema da sustentabilidade e do cuidado com a Casa Comum. Há um trabalho realizado em comunhão pelas diversas disciplinas do currículo escolar em que se abordam os dramas atuais da Terra, como o aquecimento global e a crise hídrica, sintomas da relação humana com o planeta e com os outros seres; o conceito fundante de Criaturalidade, que evoca interdependência e relação com a Casa Comum e com o Transcendente; também perpassa a grade curricular do Ensino Religioso e orienta o trabalho pedagógico nessa linha.

Nos espaços fora da sala de aula, há também múltiplas ações que buscam envolver desde as crianças até os adultos, conduzindo a atenção para os temas presentes no horizonte maior da Ecologia, e buscando, com isso, gerar, aos poucos, uma nova consciência e uma compreensão alargada em relação à defesa da Vida. Por exemplo, pessoas assistidas pelo Projeto Vida de Belo Horizonte, junto à comunidade do bairro Lagoa, cuidam da preservação do Córrego do Capão, impactando toda a comunidade, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos; participam também de mutirões de plantios de árvores, na mesma região, e da rede intersetorial, objetivando a garantia dos direitos das crianças, adolescentes e seus familiares; participam, ainda, junto às crianças, adolescentes e jovens assistidos, de eventos, oficinas e formações, em parceria com outras instituições, sobre os temas da Ecologia.

O testemunho, diante da comunidade, das ações realizadas, também tem um papel fundamental e insubstituível na educação ecológica. Foi compartilhado que se busca tornar públicas, de forma totalmente transparente, as ações para diminuir o impacto ambiental das obras de construção ou reforma realizadas, como, por exemplo, o correto descarte dos resíduos da construção civil e o plantio de árvores (inclusive como cumprimento da legislação). A captação de óleo usado e o repasse para instituições apropriadas, que podem reciclá-lo, também consiste em uma ação testemunhal de cuidado ecológico. Tais ações se tornam, assim, pelo testemunho, um evento educativo para toda a comunidade educativa.

O que sugerem os colaboradores da Área Brasil[4]

Como nos diz o nosso fundador, Pe. Gailhac, “não podemos estacionar onde a graça de Deus nos conduz”. Ela nos trouxe até aqui e, daqui, nos impulsiona a desbravar e a trilhar novos caminhos. E essas serão desenvolvidas e implementadas de maneira coletiva e no chão da nossa realidade de Área Brasil. O que se segue são sugestões para o aprimoramento, a internalização e a apropriação por todos nós do “estilo de vida sustentável” e do cuidado ecológico.

Dentre as diversas sugestões compartilhadas, algumas se inserem dentro da ideia de conscientização do uso que já se faz dos recursos:

  • Tomar consciência do uso de energia, de água, de materiais de limpeza, de plástico;
  • Tomar consciência do alimento desperdiçado e do lixo gerado;
  • Reaproveitar água e papéis, separar lixos recicláveis de não recicláveis, e incentivar a reciclagem e o reaproveitamento (como criação de objetos) de todos os recursos possíveis.

Algumas sugestões confluem na proposição de momentos de formação para o cuidado ecológico:

  • Aprofundamento sobre os objetivos da Laudato Si’ com os colaboradores, a partir do carisma (“Para que todos tenham vida”), em momentos de formação, celebrações, apresentando videotestemunhos etc.;
  • Capacitação, formação e prática de educadores, crianças e adolescentes dos Projetos Assistenciais;
  • Buscar promover a adoção de uma vida sem consumismo;
  • Conhecer espaços de reciclagem e aterros sanitários no entorno, bem como reservas ambientais;
  • Organizar um Fórum da Ecologia e comitês relacionados à ecologia, com pais, alunos e educadores;
  • Desenvolver atividades com a comunidade escolar que a leve a refletir sobre a importância e o cuidado com a Casa Comum;
  • Realizar trabalho de campo, a fim de conhecer as realidades periféricas, onde os estudantes possam identificar situações de cuidado ou de degradação ambiental e vivenciar ações de cuidado;
  • Estimular a participação em Conferências sobre a situação climática e que abordem os temas das comunidades originárias (quilombolas, indígenas), das Florestas e do Meio Ambiente.

Existem sugestões que apontam diretamente ações concretas possíveis pelas unidades de ensino e projetos assistenciais, especialmente nos bairros e nas comunidades em que estão inseridos:

  • Fazer um levantamento nas comunidades sobre os tipos de plantas alimentares e medicinais que se tem em seus espaços, sendo possível fazer, a partir disso, pequenos vasos com temperos, chás e flores;
  • Estimular a criação de pequenas hortas, usando a compostagem, que pode reaproveitar os resíduos alimentares;
  • Aprender a fazer adubo caseiro e enxertos de plantas;
  • Promover, junto à comunidade, ações de cuidado ambiental, como a revitalização das nascentes e de pequenos espaços verdes nos territórios, e a recuperação de rios e mangues;
  • Buscar a elaboração de um cardápio com características sustentáveis;
  • Incentivar a adesão a projetos de defesa do meio ambiente, de promoção da vida e de cuidado ambiental, como, por exemplo, “Amigos do Capão”, e incentivar o envolvimento das famílias e de todas as comunidades locais.

[3] Compilação da pesquisa realizada.

[4] Compilação da pesquisa realizada.

Subequipe do JPIC Laudato SI’